LUIZ HENRIQUE DE ANDRADE TENDRESCH

Predictus

Recuperação Judicial no Brasil: veja o cenário atual e como se proteger em 2025

Dois homens de terno analisam documentos em um escritório corporativo, simbolizando avaliação jurídica de empresas em recuperação judicial.

O que é Recuperação Judicial e o que significa para sua empresa?

A recuperação judicial é um instrumento legal previsto na Lei nº 11.101/2005 que permite a empresas em crise financeira reorganizar suas dívidas e estrutura para evitar a falência.  

Inclusive, diferente da liquidação total dos ativos, a Recuperação Judicial (RJ) visa manter a atividade empresarial, os empregos e os fluxos econômicos.

Mas o que significa recuperação judicial, na prática? 

Significa que uma empresa, ao enfrentar um cenário de crise severa, pode recorrer ao Judiciário para obter proteção contra execuções e cobranças, enquanto apresenta um plano de reestruturação que será analisado e votado por seus credores.

Logo, esse mecanismo é essencial não apenas para preservar empregos e atividade econômica, mas também como uma alternativa para credores, fornecedores e investidores minimizarem seus prejuízos frente à falência.

Por que pedir recuperação judicial? Entenda os motivos e impactos

O principal motivo para uma empresa pedir recuperação judicial é a necessidade de ganhar tempo e estrutura para reorganizar suas finanças. Muitas vezes, mesmo empresas saudáveis enfrentam choques externos como crises econômicas, pandemias, ou mudanças no comportamento do consumidor que afetam seu fluxo de caixa.

Resumidamente, pedir recuperação judicial significa interromper temporariamente o pagamento de dívidas e renegociá-las em condições mais viáveis. 

Além disso, possibilita ajustes operacionais internos, como revisão de contratos, venda de ativos ou redefinição de modelos de negócio.

Essa ferramenta legal pode representar a diferença entre a continuidade e o encerramento definitivo das atividades. 

Contudo, também representa um alerta para todos os envolvidos com essa empresa: credores podem ter que reescalonar recebimentos, investidores podem rever projeções e fornecedores podem ajustar suas políticas de risco.

Quem pode requerer recuperação judicial?

De acordo com a legislação brasileira, qualquer empresa legalmente constituída há mais de dois anos pode requerer recuperação judicial, desde que não tenha sido falida ou condenada por crime falimentar nos últimos cinco anos.

Isto é, inclui sociedades empresárias, sociedades anônimas, empresas limitadas e empresários individuais, desde que comprovem sua viabilidade econômica. 

No entanto, cooperativas de crédito, instituições financeiras e empresas públicas estão excluídas dessa possibilidade.

Tendências em Recuperação Judicial: o que mudou na última década?

Nos últimos dez anos, o cenário da recuperação judicial passou por profundas transformações no Brasil. 

Evolução da recuperação judicial (2015-2025) – Fonte: Raio-X da Recuperação Judicial – Predictus, 2025

Em 2017, por exemplo, houve um pico histórico de pedidos, seguido de um novo salto em 2020, impulsionado pela pandemia de COVID-19. Desde então, os números seguem elevados, indicando um ambiente de instabilidade econômica persistente.

No estudo realizado recentemente com a base de dados judiciais da Predictus, vemos que a maioria dos pedidos parte de companhias médias e grandes, com mais de 30 anos de existência e faturamentos superiores a R$100 milhões. Ou seja, trata-se de um instrumento usado justamente por quem, se quebrar, causa impactos sistêmicos relevantes.

De fato, isso desafia a percepção de que é um recurso restrito a negócios em fase inicial ou mal estruturados.

A análise dos setores mais afetados mostra que a Indústria lidera com folga, seguida por Varejo e Comunicação. No caso da Comunicação, o grande volume é fortemente influenciado pelo caso da Oi S.A., que protagonizou uma das maiores recuperações judiciais da história do Brasil.

Análise setorial da recuperação judicial – Fonte: Raio-X da Recuperação Judicial – Predictus, 2025

Deve-se frisar que, em termos geográficos, a região Sudeste concentra 71% dos casos, com destaque absoluto para o estado de São Paulo. Essa concentração acompanha a distribuição econômica do país, mas também revela uma fragilidade sistêmica nas áreas de maior atividade empresarial.

Nova Lei de Recuperação Judicial: o que mudou com a reforma de 2020?

Desde 2020, a Lei 11.101/2005 passou por uma atualização significativa com a entrada em vigor da Lei 14.112/2020. Essa reforma modernizou os procedimentos de recuperação judicial e trouxe novos instrumentos para preservar empresas em crise.

Nesse sentido, o destaque vai para o instituto da pré-insolvência. Agora, as empresas podem negociar com credores antes mesmo de pedir a recuperação judicial, com proteção antecipada do Judiciário, o chamado stay period. Isso amplia as chances de acordos extrajudiciais e reduz a judicialização.

Além disso, outro avanço importante foi a introdução do DIP financing, permitindo que companhias em recuperação obtenham crédito novo para manter suas atividades e estruturar sua reviravolta financeira.

Por fim, os resultados começam a aparecer. Só no primeiro semestre de 2024, houve um crescimento de quase 80% nos pedidos de recuperação, o que indica que mais empresas estão confiando no novo modelo para superar crises.

A Predictus analisou mais de 48 mil processos: veja os principais achados

A Predictus, que hoje conta com mais de 700 milhões de processos em seu banco de dados judiciais, sendo o maior do país, realizou um levantamento inédito sobre recuperação judicial entre 2015 e 2025. A análise mostra:

  • 31.773 empresas recorreram à recuperação judicial.
  • 71% dos processos estão concentrados na região Sudeste.
  • 91% dos processos já tramitam digitalmente.

Outro dado alarmante: mais de 3.900 empresas recorreram a múltiplos pedidos de RJ, o que pode indicar reestruturações mal-sucedidas ou problemas crônicos de gestão.

Além disso, empresas com mais de 50 anos representam um percentual expressivo dos pedidos, mostrando que a longevidade não é garantia de estabilidade financeira.

Ou seja, esses indicadores mostram que a Recuperação Judicial é um fenômeno relevante e crescente, que pode impactar fornecedores, clientes e parceiros estratégicos de qualquer organização.

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Como antecipar riscos com base em dados processuais

Antecipar riscos ligados à recuperação judicial é possível quando se trabalha com dados estruturados e atualizados. A Predictus oferece soluções via plataforma Web e API que permitem:

  • Identificar empresas com histórico de RJ antes de fechar contratos.
  • Avaliar riscos em operações de crédito, fusões e aquisições (M&A).
  • Descobrir o histórico judicial de parceiros e fornecedores.

Essas funcionalidades ajudam empresas de diversos segmentos a tomarem decisões informadas e seguras, evitando prejuízos financeiros e jurídicos. Com mais de 1 milhão de processos atualizados diariamente, a Predictus oferece inteligência analítica em tempo real, transformando dados brutos em diagnósticos acionáveis.

Como resultado, empresas que integram a análise judicial em seus processos de onboarding, concessão de crédito ou due diligence conseguem reduzir significativamente o índice de inadimplência e os riscos operacionais.

Conclusão: Recuperação Judicial como ferramenta e sinal de alerta

Em última análise, a recuperação judicial não é, necessariamente, uma sentença de morte empresarial. Ela pode representar uma tentativa legítima de reestruturação, mas também funciona como um sinal vermelho para quem está ao redor.

A empresa que entra em Recuperação Judicial pode já estar envolvida em passivos ocultos, contratos desequilibrados ou dependente de receitas que dificilmente se realizarão. 

Por isso, é essencial não apenas reagir ao fato consumado, mas se antecipar.

Ao identificar e analisar esses sinais com o apoio da Predictus, sua empresa ganha tempo, previsibilidade e capacidade de reação.

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